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  • Foto do escritorJose Edmar Gomes

PABLO MILANÉS/IOLANDA

O criador morreu, mas a criatura jamais morrerá

Pablo Milanés
Pablo Milanés

Quem ouve Chico Buarque cantando Iolanda pensa que esta canção é do compositor/cantor brasileiro, mas não é. Um amigo até me contou que a música fora feita em homenagem à mãe de Chico, que se chamaria Iolanda. Ele confundiu Yolanda com Hollanda. A mãe de Chico chamava-se Maria Amélia Alvin Buarque de Hollanda.


Yolanda, a canção, fora feita por Pablo Milanés, em 1970, para sua esposa, Yolanda Benet, que acabara de dar à luz à pequena Linn. Pablo não pôde assistir o parto, pois tinha compromissos profissionais. Mas, ao voltar para casa, cantou Yolanda para a esposa.


Em entrevista à Marie Claire, citada pelo jornalista Robson Leite, no blog História pelos Cantos, a própria Yolanda Benet conta como conheceu Pablo e como a música surgiu:

“Conheci Pablo na casa de um amigo comum, em Havana. Eu tinha 23 anos e era continuísta de cinema. Casualmente, três dias depois, começamos a trabalhar juntos em um filme e nos apaixonamos.

Pablo compôs Yolanda quando nossa primeira filha tinha dez dias. Ficou chateado por ter de viajar.”


Yolanda, a esposa, continua:


“Quando regressou, trouxe a canção. Eu estava com Linn nos braços, dando-lhe o peito, e ele me disse: ‘Olha o que fiz para você’.

Pegou o violão e cantou Yolanda. (…) Pensei que aquela canção era algo íntimo, que só eu poderia compreender o que Pablo estava dizendo. Mas parece que ele a fez com tanto amor que todos são capazes de entendê-la (…)”


Aqui no Brasil, pouco sabemos quem é Pablo Milanés, mas, assim como todo o mundo, gostamos imensamente de Iolanda, a canção, e já ouvimos Milton Nascimento cantar algo como Canción por la Unidad Lationoamericana, ao lado de Chico Buarque. Em 1981, Fagner registra Años, ao lado de Mercedes Sosa.

Aqui no DF, os cantores Luca Rodriguis e Amélia Pinheiro mandam muito bem, Años, pelos bares da vida; e o maestro Alex Paz, quando empunha o violão, numa mesa de amigos, emociona a todos interpretando El breve Espácio em que no Estás, todas da lavra do cubano.

Milanés foi um dos compositores/cantores destacados de Cuba, quando, alinhado ao governo e integrado ao movimento Nueva Trova, surgido em 1967, ao lado de outros artistas que assumiram a ideologia do regime, levaram o sonho revolucionário a toda a América Latina, através de suas músicas.

Pablo chegou a ganhar dois Grammys Latinos e ficou amigo de Chico, quando o brasileiro fora a Cuba participar do júri do prêmio literário da Casa de las Américas. Mas os rumos que o regime cubano tomou afastou Pablo de Havana e seu casamento com Yolanda só durou cinco años.


No disco Desejos, de 1984, de Simone, ela e Chico fazem um dueto espetacular, na versão brasileira de Iolanda. A música se tornou imprescindível nos shows da cantora baiana e a mais executada de todo o repertório de Chico.


Por causa deste sucesso, Milanés veio ao Brasil diversas vezes e Iolanda foi regravada por Ney Matogrosso e até pela dupla Cristian e Ralf e, ainda hoje, continua como uma das músicas mais executadas nas rádios e nas noitadas brasileñas.


Pablo Milanés morreu, assim como Erasmo Carlos, neste fatídico 22 de novembro de 2022, Dia do Músico, em Madri e foi enterrado por lá. Cuba perdeu seu maior trovador, mas nós cantaremos Iolanda para sempre.

Obrigado, Pablito!

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