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  • Sérgio M. Botelho Júnior

Arte na Praça - Projeto resgata praça das drogas e torna Sobradinho em referência cultural do DF


Aulas de Dança - Arte na Praça

Pioneiro e transformador! Assim pode ser definido o projeto Arte na praça, realizado desde o ano de 2016 pela Associação Artise de Arte, Cultura e Acessibilidade (Artise), na Praça das Artes Teodoro Freire, situada na Quadra 08, em Sobradinho, região norte do Distrito Federal.


É que ele foi o responsável por revitalizar a Praça das Artes, que antes era utilizada para a venda e o consumo de drogas, devido a sua escuridão e abandono, preenchendo-a de cidadãos até então carentes de eventos que promovessem a integração e o engajamento comunitário.


Segundo o apurado por Imagineacredite, o estreitamento dos laços comunitários ocorre todos os sábados, que é quando o Artise executa o Arte na Praça, que disponibiliza à população: uma feirinha de artesanato e de produtos orgânicos, oficinas de Dança e de DJs, shows artísticos, e uma rica praça de alimentação.


Além disso, a iniciativa estende seus trabalhos para as escolas públicas da região, com a oferta de oficinas de Música, Artesanato e Pinturas. No entanto, para o músico e compositor Angelo Macarius, atual presidente da Artise, a maior conquista do Arte na Praça foi a transformação promovida na Praça das Artes Teodoro Freire.


“Essa praça estava largada, essa praça tinha virado uma biqueira de crack. Não quero aqui estigmatizar o usuário, não é isso, está entendendo? Estou falando que a partir do momento em que a gente chegou à coisa mudou. A praça deixou de ser “boca”. Virou esse ambiente familiar que a gente está vendo aqui”, comemora.


De acordo com o maestro Alex Paz, fundador do Arte na Praça e ex-presidente da Artise, para a transformação do espaço, alguns serviços tiveram que ser realizados pela Associação, tais como a implantação da iluminação em LED, aliada a restauração dos banheiros, dos bancos e do palco da praça. Como resultado, o projeto afastou a criminalidade e obteve o apoio da comunidade de Sobradinho.


“Agora, os empresários têm sido muito importante para nós, porque eles têm se tornado parceiros do nosso projeto. Eles ajudam na propaganda e no marketing do nosso esquema aqui. Então eles sabem que é bom para eles estar ajudando a nossa entidade, porque sabem que está sendo bom não só pra eles, mas pra cidade em si”, acrescenta.


Por falar no comércio local, a reportagem de Imagineacredite entrevistou alguns comerciantes, os quais comemoraram o fato do projeto ser capaz de combater e prevenir o uso de drogas – ao afastar a criminalidade - e de devolver a vida àquele espaço. “O movimento na Quadra 08 estava meio morto, cheio de... Estava enchendo de bandidos, de pessoas que mexem com drogas. Agora o pessoal do comércio está todinho aqui fazendo parte desse projeto. Por isso, esse projeto está sendo maravilhoso”, destacou a comerciante Sandra.


Já o cantor Marciano comemorou o fato do Arte na Praça valorizar os artistas locais e retirar a população do ócio. “O Arte na Praça está levando música para o povo. O povo tem que vir para a praça, o que é muito importante. E Sobradinho está de parabéns por realizar um evento maravilhoso igual a esse. Aqui o público canta e interage com a gente e a gente só tem a agradecer”, destaca.


Uma plataforma de reinserção social.


O pioneirismo e a capacidade de transformação são traços tão marcantes dentro do Arte na Praça, que além de afastar a criminalidade, prevenir e combater o uso de entorpecentes, a iniciativa também serve de trampolim para reinserir na sociedade os dependentes químicos em tratamento na Comunidade Terapêutica Mar Vermelho, instalada em Sobradinho.


Gerida pelo pastor Darley César, a CT envia seus acolhidos em fase avançada na caminhada de recuperação para serviços de limpeza e erguerem toda a estrutura necessária para a realização do Arte na Praça. Com isso, eles têm a oportunidade de voltar ao convívio social e, quiçá, adquirirem uma profissão. Uma vez que, segundo o pastor, desde que haja uma identificação do dependente com a proposta cultural do Arte na Praça, eles podem fazer uso das oficinas ministradas no local.


Tanto é que, segundo ele, o Arte na Praça já conta com um ex-dependente reinserido na sociedade. “Ele foi acolhido e hoje está fazendo a reinserção. Está casado, com família e todos os finais de semana ele não só vem trabalhar, como também traz a família para curtir a proposta que é o Arte na Praça. E ai aprecia os músicos, faz uma crítica, e consegue enxergar quem faz um show bom e quem não faz um show tão legal assim”, comemora o pastor.


Ainda de acordo com o religioso, a entrada dos dependentes químicos em fase avançada no Arte na Praça foi resultado de uma parceria com os diretores do Artise. “Eu não participei da formatação do Arte na Praça, mas como a gente é parceiro já há mais tempo, fui me envolvendo nas discussões e quando vi o formato que estava acontecendo, eu disse: "A gente se encaixa aqui. A galera nossa tem espaço. Dá pra essa galera estar participando," relembra.


Essa visão casou perfeitamente com o método de tratamento terapêutico do Mar Vermelho, pois lá, durante a sua caminhada, o acolhido tem um leque de possibilidades para retornar ao convívio social. Tanto é que alguns acolhidos estão prestes a gravar um EP e saírem numa mini turnê por Brasília. Por isso, o pastor destaca que a união da CT com o Arte na Praça foi o casamento perfeito.


“Esse projeto trouxe um renovo pra nossa cidade. A gente não tinha um espaço onde ouvir boa música, comer, participar de uma tarde e um pedaço da noite, num sábado, de uma coisa bem organizada, tranquila. E pra minha proposta de trabalho na Comunidade Terapêutica foi uma junção, né. O Arte na Praça e as coisas que a gente já vem ao longo dos anos fazendo em recuperação e na área cultural. Então foi um abraço maior a essas pessoas que estão com a gente lá se reinserindo”, conclui.


Uma fonte de promoção artística.


O Arte na Praça surgiu após anos de experimentos culturais promovidos pela Artise e que não foram bem sucedidos. No entanto, foi o espirito de persistência aliada à ideia de garantir a inclusão social daquela comunidade periférica do DF e em elevar a autoestima dos artistas locais que clamavam por espaços dentro e fora da indústria cultural, que a Diretoria da Artise decidiu reunir tudo o que havia de positivo nesses projetos e construir um só.


E o saldo positivo desses experimentos quando unidos foi tão grande que o deputado estadual por Sobradinho, Ricardo Valle, decidiu destinar uma emenda parlamentar para garantir a continuidade do projeto Arte na Praça que, segundo Alex Paz, retirou Sobradinho do esquecimento cultural e a elevou ao status de Cidade-Arte do Distrito Federal.


“A gente apresentou essa ideia pra ele na Câmara Legislativa. Nós fomos lá com nossa comitiva e apresentamos pra ele todo o projeto ilustrado, todo acabado, formatadinho, perfeito, redigido com um jornalista nos ajudando na redação do projeto e ele entendeu que era um projeto muito interessante... que era um projeto até barato, como ele falou.


Ele falou: ‘Pra mim é um projeto altamente barato, porque trezentos mil reais para oito meses significa um gasto mensal muito pequeno. Enquanto tem pessoas por ai no DF que gastam uma emenda de trezentos mil reais num dia só’”, relembra Paz ao acrescentar que essa parceria permitirá que o projeto seja realizado todos os sábados, até o dia 18 de julho de 2020, com a perspectiva de ser expandido para todo o Distrito Federal.


Cabe destacar que a emenda parlamentar fez a Artise conceber o Arte na praça por meio de um convênio com a Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal, viabilizado graças ao Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC). Com isso, além de garantir o acesso à cultura na periferia, o projeto acabou servindo como plataforma de escoamento da produção artística-cultural brasiliense. Uma vez que o DF está fora do eixo Rio – São Paulo, que é onde figura as principais bases da indústria cultural brasileira.


Além disso, por se tratar de uma região voltada ao serviço público federal, o Arte a praça destaca-se como o primeiro projeto de valorização da arte local via convênios, o que acabou modificando a rotina dos artistas locais que foram obrigados a se burocratizarem para ter a oportunidade de apresentar os seus trabalhos em todo o DF, como explica Angelo Macarius.


“Em Brasília, sempre houve essa coisa da gente ter que intervir dentro das questões do poder público para poder fazer as coisas e o poder público ter que intervir também, então a gente se burocratiza né? E o que a gente tem pedido para os associados [cerca de 80] é justamente que façam isso também, que vão atrás do seu CEAC, pois não é difícil... É porque realmente não é do temperamento do artista”, comenta Macarius.


Por isso, o presidente da Artise ressaltou a importância da sociedade em geral olhar com mais atenção os artistas locais. “A gente precisa da comunidade – queria até usar essa palavra aqui esclarecida - pra que a gente possa prosseguir e continuar fazendo o que a gente faz que é levar a cultura. A gente não está aqui de graça, a gente está levando cultura às pessoas”, salienta.


Conheça o Arte na Praça.


Para saber mais detalhes sobre a programação do projeto Arte na praça, os interessados podem acessar a página oficial da Artise, por meio do endereço eletrônico: www.artise.org. Lá, você vai poder conferir as novidades culturais promovidas pela Associação, que é uma das raras instituições que abrange as diferentes manifestações e tendências artísticas, como Música, Poesia, Dança, Espetáculos Circenses, Marionetes, palhaços, Literatura e Artes Cênicas.



Arte na Praça - Artise


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