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  • José Edmar Gomes

Assentado oferece sementes crioulas e produtos artesanais na Praça das Artes


Produtos cultivados e produzidos pelos acampados do Assentamento Marias da Terra serão expostos, aos sábados , na Praça das Artes de Sobradinho

O que faria um artista plástico - formado pela Universidade de Brasília (UnB), que possui ainda cursos técnicos de joalheria e elétrica predial, pelo Senai - largar tudo e mudar-se “de mala e cuia” para um acampamento de sem-terra, onde falta tudo... inclusive água?


“O acampamento não é um lugar confortável, mas me sinto bem militando por uma causa justa, que é o direito à terra e à alimentação saudável”, justifica Matheus Carvalho, um dos criadores do Grupo Muvuca, que cultiva e promove as vantagens das sementes crioulas de milho, feijão e outros cereais, no Assentamento Marias da Terra, no entorno de Sobradinho.


Mateus, desde o sábado, 23 de março, passou a oferecer o resultado deste cultivo, além de outros produtos – como objetos de madeira reciclada, peças de crochê e tricô– produzidos pelos assentados, nas Feirinhas de Orgânicos e de Artesanato, do Projeto Arte na Praça, na Quadra 8 de Sobradinho.


Muvuca - O assentado explica que o projeto do Grupo Muvuca é agroecológico, agroflorestal, vai contra a monocultura, o agronegócio e a tudo que possa prejudicar a saúde.


“Enquanto as crioulas são sementes tradicionais, selecionadas ao longo do tempo pela agricultura familiar.”


“Estas sementes guardam em si a riqueza natural das terras onde são cultivadas. Daí a sua riqueza cultural e ecológica,” explica o assentado.


“O Muvuca luta não só pelo acesso à terra, mas por uma alimentação de qualidade, que é possível cultivando essas sentes”, continua Mateus.


O coordenador do coletivo de produtores afirma que o grupo distribui as sementes crioulas aos demais assentados para resgatá-las como cultivares e para que o máximo de pessoas cultivem sementes saudáveis.


Segundo Mateus, a monocultura - como as grandes plantações de soja que cobrem muitas áreas rurais do DF - envenena a terra, polui e degrada os mananciais, com o uso de agrotóxicos e o manejo inadequado da terra.


Transgênicas - Para ele, a situação se agrava mais ainda com o uso das transgênicas. “Estas sementes forasteiras estão chegando agora e a população está servindo de cobaia para as multinacionais que as vendem.


“Não sabemos ainda, o que as transgênicas podem causar de todo. O que já se sabe, no entanto, não é bom: câncer e outras doenças”, adverte o agricultor.


As sementes crioulas, “ao contrário”, têm a espécie adequada para cada região. “Aqui, para a região serrana, a melhor semente é a plantada há mais tempo. Daí a necessidade de preservá-la”.


O que não significa que o plantio destas sementes não necessite de adubos e controle de pragas.


“Isso significa que a planta tem nutrientes e as pragas podem ser combatidas por corredores ecológicos de gergelim, por exemplo, que combatem a mosca branca, que ataca o milharal”, ensina.


Ele também cita o feijão de porco, cuja folha não produz fungo, que é o alimento da formiga. “O formigueiro acaba morrendo de fome, esperando o fungo que não aparecerá”.


Segundo Mateus, essas e outras plantas possuem propriedades químicas que substituem com vantagem os atuais agrotóxicos e são absolutamente inofensivas aos seres humanos.


Agronegócio – Questionado se esta agricultura familiar poderia substituir o agronegócio, produzindo o bastante para alimentar a população brasileira, Matheus Carvalho argumenta que isso só se dará quando a reforma agrária ocorrer de fato.


“A terra está nas mãos da elite agrária, que prefere investir em máquinas sofisticadas do que pagar um salário decente aos trabalhadores,” reclama Carvalho.


O agricultor esclarece que ocorrendo a reforma, a agricultura familiar passaria a produzir melhor, na mesma proporção ou maior do que o agronegócio. “Produziria alimentos saudáveis e distribuiria renda...”


Mateus lamenta que os grandes latifúndios só gerem renda para seus donos - ”na casa dos milhões - enquanto os moradores do Assentamento Marias da Terra têm dificuldade de acesso até à água potável, na época da seca”.


O assentado, no entanto, convida a população de Sobradinho para conhecer as sementes crioulas, tamboretes, bancos, caixas de abelhas, peças de crochê/tricô e outras novidades, aos sábados, na Praça das Artes de Sobradinho, a partir das 17h.

Mateus Carvalho mostra as sementes crioulas. Ele se formou na UnB, mas mora num assentamento de sem -terra.


(Fonte: Folha da Serra)

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